segunda-feira, 8 de julho de 2013

Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura. Esses, sim, são os bons. Eu só escrevo para fazer afagos, e porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços, e estreitar distâncias, e encontrar os pássaros. Há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez). Uns escrevem grandes obras. Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas. 

Rita Apoena

Existem coisas que, sozinhos, não conseguimos mudar. Eu sempre fico triste quando vejo alguém jogado na rua, à margem desse sistema. Mas se eu ficar triste, só triste, eu serei mais uma a aumentar as tristezas no mundo. E a tristeza só consegue nos deixar fracos e inertes. O que o mundo precisa é de um exército de gente feliz, capaz de doar um pouco de si e do que sabe, capaz de fazer a diferença na vida de algumas pessoas. Meus braços não são do tamanho do mundo, mas foram feitos no tamanho exato de abraçar alguém. 

Rita Apoena

Viuvez?


Mesmo quando o outro vai embora, a gente não vai. A gente fica e faz um jardim, qualquer coisa para ocupar o tempo, um banco de almofadas coloridas, e pede aos passarinhos não sujarem ali porque aquele é o banco do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que, em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a não sei quantos anos, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas.

Rita Apoena

Instruções para se apaixonar...



Encha o peito com mais de trezentos suspiros. Quando estiver bem levinho, solte as amarras… e flutue.

Rita Apoena

quinta-feira, 4 de julho de 2013

"No es gracioso, perdón, pero es lindo"


A gente passa a vida esperando ser perfeito pra alguém. Até que um dia descobre que bom mesmo é ser imperfeito ao lado de quem gosta até das nossas limitações.


 Fernanda Gaona

O Guardador de Rebanhos


O meu olhar é nítido com um Girassol. 
(…) 
E o que vejo a cada momento 
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, 
E eu sei dar por isso muito bem... 
Sei ter pasmo essencial 
Que teria uma criança se, ao nascer, 
Reparasse que nascera deveras... 
Sinto-me nascido a cada momento 
Para a eterna novidade do mundo... 

Fernando Pessoa