Quando você tenta ser aquilo que o outro é, suas atitudes copiadas saem tortas, mal feitas, descombinadas. O que a gente é tem a medida dos nossos sentidos, não adianta querer ser mais se você não entende isso. A gente não cresce conforme a idade ou a cada aniversário feito, crescemos cada vez que a nossa alma é tocada. Quando você vê a criança sorrindo e se ri todo por dentro sua alma cresce. O crescimento do corpo é importante, mas é coisa comum, todo mundo consegue. Mas quando a gente cresce na alma deveria virar notícia de jornal porque está cada vez mais escasso.
Quando um jovem passa no curso que ele queria todo mundo faz uma festa, escreve em faixas, tira fotos, se pinta todo, relembra nossas raízes indígenas que tem para cada evento uma pintura específica, sai até no jornal. Mas se esse jovem chora só por ter visto o mar, ninguém quer saber.
Chorar é perder tempo, ver o mar é perder tempo, assim como ver todas essas coisas pequenas e tentar transformá-las em grandes. Destruam tudo o que nos faz perder tempo, otimizar é nosso lema. Quem vai parar para olhar essa árvore? Destrua! E esses pássaros todos? Quem precisa disso para viver?
Enquanto isso, a nossa soberba vai crescendo, a nossa ganância vai crescendo, a nossa cidade vai crescendo — tumultuada, descontrolada, mas vai — só que a gente não cresce. Paramos no tempo. Aonde vou, só vejo bebês emocionais. Aí quando consigo encontrar uma criança no meu caminho, não tem jeito, eu preciso parar, ir até ela, pedir pelo amor de Deus alguns conselhos, porque criança, no fundo, é grande, a gente sabe disso. Não é a toa que no Melhor Lugar há um cantinho reservado só para elas.
Jéssica Alves