Carta aberta à minha querida irmã:
Há alguns dias, eu cheguei do trabalho, mal
entrei em casa, e soube que você tinha comprado uma casa. Eu sabia que essa era
uma coisa feliz, mas, ao mesmo tempo, caiu a minha ficha de que algumas coisas
mudariam. É verdade que saudade e mudança são duas coisas que entraram na nossa
vida bem cedo e tivemos que aprender a lidar com elas "na marra". Mas
é que agora era diferente, muito diferente. Porque, antes, a saudade e a
mudança eram enfrentadas com você do lado. Agora, essa saudade e mudança seriam
em relação a você.
Eu sei que eu me irritava profundamente quando
você vinha com seu complexo de capitã mandona e me obrigava a te ajudar a
arrumar a casa e, principalmente, quando você pegava as minhas coisas (sempre
foi meu ponto fraco). Mas é que, apesar disso, te ter como irmã me fazia feliz.
A gente sabe o quanto era divertido ir à praia e se misturar com as ondas e ser
jogadas de um lado para outro das 8h da manhã até o meio dia, com pausa só para
o sagrado picolé de leite condensado.
O que eu não sabia é que cada fase nossa teria
tanta beleza e tanto significado para mim agora. Nossas afinidades são enormes,
nossa amizade e cumplicidade só aumentam. Com o passar do tempo, nos tornamos
mais próximas, mais maduras nesse amor de irmãs, mais unidas do que nunca e
ainda mais bonitas. (lembrando que você sempre foi naturalmente linda e eu bem
"marromenos" seguia firme ao seu lado pegando todas as suas dicas).
Fico feliz em saber que vivemos a infância com
intensidade e que aquilo que estamos vivendo agora também será lembrado com
amor quando estivermos bem velhinhas. Que você compre chocolate branco quando
completar 26, 27, 28... até os 95 mais ou menos - e me dê os pretos, por favor!
Feliz dia! Que o nosso Senhor te abençoe
sempre!
Te amo!