quarta-feira, 21 de janeiro de 2015



Cada pequena coisa que vem de você alcança uma proporção tão grande no meu coração porque simplesmente vem cercada de sentimento, vem pra me atingir do modo mais certeiro. Eu fui programada para desejar o que eu não posso comprar e o que eu mais espero de nós se resume a isso, às coisas que eu não compro e nem pego com as mãos, só as alcanço se for com os meus sentidos.

Jéssica Alves

Não seja outro. Seja o que marquei em seu sangue. Enchi sua carne de você. Busque isso. E, ao encontrar, seja o que ninguém mais pode ser.

Ray Bradbury

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015


Eu corri anos em um corredor apertadíssimo e, quando cheguei ao final, havia uma porta de ferro coberta de fechaduras e cadeados de cima a baixo. A primeira reação foi descer o chute. Eu ia passar por ali de qualquer jeito, falem o que quiserem, ou melhor, fiquem todos calados, porque o que eu suei para chegar ali só eu sabia. Depois dos murros que eu dei em vão, recuei, dei meia-volta. Voltei calejada, de cabeça baixa, meio cambaleando, sem saber para onde ir. A minha vida havia sido reduzida àquela corrida e depois que vi a minha única saída trancada, tive que considerar qualquer janela aberta. Quanta beleza há na recuada! Quanta beleza vi em meu caminho após a meia-volta. Eu vi minha única saída ser transformada numa busca por novas entradas, me descobri adaptável, me conheci reinventada. Hoje, o meu maior prazer não está em estabelecer e completar maratonas, mas em sair delas sabendo que toquei num novo ponto do meu ser, que abri novas janelas dentro de mim e senti ar fresco circulando por lugares antes inabitados em meu ser.

Jéssica Alves

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Quando escrever o livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, 

vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar, e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.


Adelia Prado

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015



Impressionista

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Adélia Prado

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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Sou um barco
sem vento.
Tu eras o vento.
Era esse o rumo que eu devia seguir?
A quem importa o rumo
com um vento assim!

Olav H. Hange