Eu adoro a maneira como ele sorri e o jeito como se veste. Adoro o seu olhar observando o meu discretamente. Mas sem dúvidas, eu o adoro porque é inatingível. Porque eu nunca vou poder saber se está tudo bem, se sua avó é saudável. Vou, no máximo, cumprimentá-lo ao reconhecê-lo na rua, ou olhar para trás quando já estiver distante. Não vou descobrir se ele prefere morango ou uvas, nem a sua cor preferida. Não vou abraçá-lo em seu aniversário. Proibido para mim. Mas às vezes eu sonho, e quando sonho o improvável acontece. E se o improvável acontece, o inatingível brota em minhas mãos.
quarta-feira, 31 de março de 2010
sexta-feira, 26 de março de 2010
Perdi algo que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se tivesse perdido um terceiro apoio que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Esse terceiro apoio eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Sei que só com duas pernas é que posso caminhar.
Clarice Lispector
Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa.
T. Bernardi
quarta-feira, 24 de março de 2010
sábado, 20 de março de 2010
Então, como num passe de mágica, na minha frente, o espelho me mostrou que Cinderela não encontrou seu outro sapatinho de cristal, vendeu o que tinha e foi fazer intercâmbio; Rapunzel vagou pelo deserto e chegou em Miami, hoje é dançarina numa dessas casas noturnas, Bela Adormecida fez as malas enquanto seu marido escroto dormia (que ironia!) e foi ser feliz em algum país bem longe dele e Branca de Neve largou os anões, veio pro Brasil, pegou uma cor e tornou-se inspiração de Alceu Valença ao mudar seu nome para "Morena Tropicana".
Ariadne Manfredini
terça-feira, 16 de março de 2010
A simplicidade é esquecimento de si, de seu orgulho e de seu medo; é quietude contra inquietude, alegria contra preocupação, ligeireza contra seriedade, espontaneidade contra reflexão, amor contra amor-próprio, verdade contra pretensão… o eu subsiste nela, é claro, mas como que mais leve, purificado, libertado.
Nossas melhores ações são suspeitas; nossos melhores sentimentos, equívocos. O simples sabe disso e nem se importa. Ele não se interessa suficientemente para se julgar. Ele não se leva nem a sério nem a trágico. Segue seu pequeno caminho, de coração leve, alma em paz, sem objetivo, sem nostalgia, sem impaciência. O mundo é seu reino e lhe basta. O presente é a sua eterniadade, e o satisfaz. Nada tem a provar, pois não quer parecer nada. Nada tem a buscar, pois tudo está ali. Há coisa mais simples que a simplicidade?
André Comte-Sponville, Pequeno tratado das grandes virtudes.
Nossas melhores ações são suspeitas; nossos melhores sentimentos, equívocos. O simples sabe disso e nem se importa. Ele não se interessa suficientemente para se julgar. Ele não se leva nem a sério nem a trágico. Segue seu pequeno caminho, de coração leve, alma em paz, sem objetivo, sem nostalgia, sem impaciência. O mundo é seu reino e lhe basta. O presente é a sua eterniadade, e o satisfaz. Nada tem a provar, pois não quer parecer nada. Nada tem a buscar, pois tudo está ali. Há coisa mais simples que a simplicidade?
André Comte-Sponville, Pequeno tratado das grandes virtudes.
segunda-feira, 15 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
sábado, 6 de março de 2010
Eu coleciono momentos de epifania, vivo num estado de contemplação cada vez mais vertiginoso. Dizem que me afeto, que sou afetado… se ver o mundo com as desrazões da emoção é ser afetado, eu sou afetado de um modo muito convincente. Folheio livros como quem procura nas palavras alguma remota calmaria para o silêncio ensurdecedor que existe nos diálogos do mundo. (...)Não importa, sempre vai haver algo a ser dito, mesmo que tudo já tenha sido dito de um outro modo que não o seu próprio modo de expressar algo. Eu sei de pouquissimas coisas, por exemplo, o sol pode me cegar se eu ficar muito tempo olhando pra ele, eu nao posso ficar mais de um minuto trancando a respiração em baixo d’água, as pessoas quando mentem contam a história sempre do mesmo jeito e aquele brilho que elas têm no olhar se apaga por alguns instantes, a dor pode ser suportável desde que você esteja olhando para as nuvens. Eu sei que essas coisas, tão poucas, não me ajudam a viver, mas impedem que eu saia do mundo tão inocente quanto cheguei e dão ao mundo o meu próprio feitio. Tem gente que não dá tanta importância e não acredita em mistérios, mas eu acredito que há mistérios além de toda capacidade de se admirar. Eu realmente estou empolgado com toda esta história de estar vivo, eu só não sei exatamente o que fazer com tanta beleza.
Palavra Aguda.
sexta-feira, 5 de março de 2010
A coisa mais importante de sua vida é o objetivo que você persegue no presente momento. Toda a vida de um homem se apresenta como uma sucessão de momentos. Se você conseguir entender isso, não existirá mais nada a ser feito, nada mais a almejar. Viva sendo fiel ao objetivo do momento.
Yamamoto Tsunemoto.
Yamamoto Tsunemoto.
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